drpaulocesarpalestrante

Wednesday, September 20, 2006

Preconceito : o monstro que a si mesmo devora.

O preconceituoso tem em seu seio um monstruoso réptil que lhe devora continuamente instilando o seu veneno: o mal que o preconceituoso faz a ele mesmo é enorme, acaba com a sua saúde mental, seu desenvolvimento criativo e ainda aniquila os seus sonhos e relacionamentos. Um pouco de preconceito, infelizmente, todos nos temos. Se o preconceito for muito acentuado, o individuo pode estar adoecido mentalmente.
Aparentemente quando observados nota-se que o “sintoma” principal do preconceituoso é o isolamento afetivo das pessoas. Eles tem muitas dificuldades de relacionamentos,não conseguem fazer os laços , nem vivenciam os prazeres advindos das relações. Estas pessoas tem humor irritadiço, são tristes, casmurras e entediadas a ponto de não suportarem mudanças e novidades. Não toleram o inesperado e o improviso da existência.Estão o tempo todo encarcerados em suas velhas e (de) formadas opiniões sobre tudo e sobre todos.
O preconceito é uma atitude que impede o conhecimento do outro; quando muito, tem se a ‘ilusão’ de distingui-lo. Confunde-se conhecimento com “ilusão de conhecer”; na verdade faz-se uma idéia do outro, vê-se um aspecto fragmentado e incompleto dele. Somente a vivência e a experiência com a pessoa permitiriam conhecê-la inteiramente.
A inflexibilidade da alma preconceituosa está ligada ao orgulho; tem aquela postura de que tudo sabe e tudo controla, carecendo da humildade socrática de “saber que não sabe”.Não tem senso de igualdade e semelhança. É aliado à ignorância, não admite que possa mudar de opiniões. Estão arraigados à tradição e às normas, quase sempre antiquadas e ultrapassadas. Apesar dele se apresentar com superioridade sobre os outros a autoestima é baixa.
É precipitado em julgar, apressado e ansioso na formulação de juízos sem critérios; daí seu autoritarismo em não reunir provas, julgando à revelia, de acordo com sua vontade e, dependendo do grau, chega às raias do fascismo.Não ligando para a verdade, prefere o auto-engano ao conhecimento de fato. Finca pé naquilo que acha que sabe, no que está estabelecido, não se atualiza, não consegue ver o novo e a mudança. Permanece sempre no senso comum e não adquire cultura, pois, para aprender, é necessário a humildade do vazio e o silenciar próprio do não saber e admitir que, para conhecer, é preciso investigar a fundo e se abrir realmente para o convívio humano e à realidade dos fatos.
São dogmáticos e fervorosos muitos deles tornam se fundamentalistas, com hostilidade e intolerância religiosa. Se torcerem por um time tornam -se fanáticos, podendo até ser incluído entre os torcedores violentos do esporte, não aceitando que seu time possa perder.
Enfim o preconceito impede o sujeito de viver, de se abrir ao mundo, de ser espontâneo e de viver plenamente com folga. A pessoa muito preconceituosa tem muitas dificuldades, carecendo, portanto, de atenção profissional de psicoterapia e até de psiquiatria. Muitos quadros clínicos de angústia e depressão são característicos dessa condição.
O preconceituoso dá ao outro o que lhe sobra: autodesprezo e hostilidade. Importante, ainda, é não deixarmos de ver que não se deve “ter preconceito de ter preconceito”, pois estamos mergulhados nele, como o peixe está na água e todos nós o temos, claro que em menor ou maior grau.
Dr Paulo César de Souza. Psiquiatra e palestrante drpaulocesarmg@uol.com.br

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