drpaulocesarpalestrante

Thursday, April 27, 2006

As ciladas da aposentadoria.

A vida é suficiente longa e com generosidade nos foi dada, para a realização das maiores coisas , se a empregamos bem .Mas , quando ela se esvai no luxo e na indiferença , quando não a empregamos em nada de bom, então , finalmente constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou por nos sem que tivéssemos percebido.
Sêneca .

Envelhecer como um bom vinho ou cair nas ciladas abissais que estão armadas para o candidato à aposentadoria?
A primeira dessas ciladas é o pensamento que se cravou no passado, a pessoa vive dizendo: “já fui bom nisso”,fica-se tomado por lembranças e acaba assim visitando novamente o passado e passa a viver num estado melancólico devido a aspirações, desejos nunca realizados plenamente.Revive nostalgicamente a facilidade com que realizava naquele tempo cada uma das atividades que hoje limitam seu prazer e bem estar e ao mesmo tempo , nega-se a fazer o que lhe é possível executar dentro de seus limites atuais.
O segundo logro é se sentir vitima do destino .O sentimento básico é de autocomiseração , o individuo torna-se “ensimesmado” a ponto de passar o tempo todo recolhido em auto-observar , se analisando detidamente em sinais ou fragmentos que restam ,de algo já extinto . Analisa e rumina principalmente os fracassos e reminiscências culposas e negativas acerca de si. Essa atitude pode ao extremo leva-lo a ter sintomas típicos de hipocondria ,dores diversificadas por todo o corpo e um mal estar a fazer-lhe pregas na alma como já dizia o grande poeta Fernando Pessoa.
A terceira armadilha está no auge atualmente e o mercado aposta nessa nova modalidade do “elixir da longa e bela vida”, fazendo com que o individuo parta para uma alienante estratégia fantasiosa de rejuvenescimento,em que inadvertidamente passa a praticar a malhação excessiva, tomar anfetaminas para emagrecer,se submeter a cirurgias plásticas desnecessárias ,consumir cremes e tratamento de beleza duvidosos, tudo em busca da produção de um visual em desconforme com a sua idade .Grotescamente o que ele mais almeja é se tornar adolescente de novo.
A quarta arapuca e a do arrependimento de tudo que deixou de fazer e não produziu ou deixou de conquistar no passado. O individuo começa a remoer o que fez e deixou de fazer no passado e acabou não dando certo e assim acaba retrocedendo o seu pensamento com relação a atitudes ou compromissos tomados e passa a sofrer intensamente atualmente com casamentos desfeitos há anos , com equívocos pela profissão escolhida na juventude etc. Arrepende-se de não ter tomado outro rumo à época . A pessoa vive estes tormentos como se estivesse no presente com um avivamento intenso de memória o que lhe impede de investir em realidades presentes.
O quinto ardil é o da dependência .Aqueles que foram dependentes tendem a prosseguir na vida atual como sempre fizeram na infância, fortalecidos pela superproteção materna. Mesmo que a tenha perdido , trata logo de arrumar alguém para ocupar o posto materno ,para escraviza-la de forma a manter-se eternamente regredido e capenga. Estes indivíduos sofrem demais nos tempos atuais , pois de maneira geral as pessoas não dispõem de tempo para dedica-los muito menos tem disposição para ouvi-los , numa linguagem popular diríamos que são uns verdadeiros “malas”
Reorganizar –se de forma a manter-se produtivo e criativo é o caminho para não se cair nesses ardis.Ter um projeto de vida mentalizado é essencial para não se sucumbir a essas arapucas .
Dr Paulo César de Souza é Psiquiatra e palestrante .
drpaulocesar@brfree.com.br fone 0xx3134961505

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