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Sunday, March 07, 2010

desmassificação e educação

Grande tendência é desmassificar, diz Toffler
29-04-2008
Publicado em: O Estado de São Paulo
20/04/2008
“Estamos vivendo neste início do século 21 o momento de reversão do processo de massificação que caracterizou a
segunda onda, a da revolução industrial. Tudo naquela fase visava à produção em massa. Os sociólogos criaram a expressão
Sociedade de Massa. Os meios de transporte passaram a ser conhecidos como meios de transporte de massa. Os
meios de comunicação, como comunicação de massa. E a educação virou um simulacro das fábricas, das linhas de
produção industrial, com trabalhos repetitivos, para preparar os garotos para uma vida inteira. Em muitos casos, essa
ainda é a educação que temos em todo o mundo.”
Essa é a visão de Alvin Toffler, em resposta a uma pergunta que lhe fiz, acerca do desafio da educação e do processo de
desmassificação nesta fase do desenvolvimento humano. Autor de livros de sucesso mundial como O Choque do Futuro,
A Terceira Onda, Mudança de Paradigmas e Riqueza Revolucionária, o famoso visionário e futurólogo foi um dos
palestrantes mais aplaudidos do NAB Show 2008, em companhia de sua esposa, Heidi Toffler.
Falando aos jornalistas e participando de um longo debate com ao auditório na quarta-feira passada, em Las Vegas,
Alvin Toffler recordou alguns de seus conceitos básicos, como os das três ondas (Sociedade Agrícola, Sociedade
Industrial e Sociedade do Conhecimento). Um dos pontos fundamentais de sua revisão é o da necessidade de
desmassificação.
“Pessoalmente, não tenho dúvida: a Sociedade Industrial está no fim. Estamos vivendo intensamente a Terceira Onda,
que transforma continuamente a economia e a sociedade, não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
Estamos vivendo um intenso processo de desmassificação.”
Mas o que significa desmassificar? O mundo de hoje nos mostra muito mais estilos de vida, muito mais estruturas de
famílias, muito mais esportes, muito mais diversidade de entretenimento, de trabalhos, de profissões e de indústrias que
trabalham para produções de nicho. Isso tudo se reflete até nos meios de comunicação, nas revistas, rádios, jornais e
televisão - que passam a se dirigir, cada dia mais, a segmentos, a grupos de indivíduos e não à massa de toda a
sociedade.
“A comunicação deixou de ser homogênea, dirigida a toda a população”, relembra Alvin Toffler. “Essa tendência não se
reflete apenas na mídia, mas em toda a infra-estrutura social. Chamo a isso a ascensão do ‘prossumer’, neologismo que
cunhei para definir o produtor e consumidor ao mesmo tempo. E note que há uma fronteira difusa entre produção e
consumo em muitas atividades.”
Alvin Toffler relembra o caso da fotografia, em que dependíamos da aquisição de filmes, de revelação numa loja distante, e,
muitos dias depois, as cópias e ampliações encomendadas. Que mudança, com as fotos digitais, em que o cidadão faz
quase tudo sozinho e obtém o resultado imediato, sem gastar quase nada, e com a possibilidade de enviar dezenas ou
centenas de cópias pela internet. Ou ainda os novos aparelhos que nos permitem monitorar pressão e batimentos
cardíacos, em lugar de ter de fazer visitas freqüentes ao médico ou ao hospital. Fazemos um pouco do trabalho do
médico. Eis aí a mudança dos ‘prossumers’.
Ritla - Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana
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O crescimento do volume de informação produzida a cada ano no mundo é algo que impressiona, segundo os dados
citados por Alvin Toffler. Em 2006, o mundo produziu 161 exabytes de informação, aí incluídos voz, dados, programas de
rádio, imagens, textos, gráficos, filmes, vídeo, mensagens da internet (exceto spams).
Mas o que significam 161 exabytes? Significam o equivalente a 3 milhões de vezes o conteúdo de todos os livros já
escritos na história do mundo. Se postos um sobre o outro, esses livros corresponderiam a 12 pilhas de livros cobrindo a
distância da Terra ao Sol, ou uma média per capita de 24 gigabytes (GB) para cada um dos 6,58 bilhões habitantes do
planeta. Mais impressionante é a velocidade do crescimento desse volume de informação. Assim, em 2010, serão 988
exabytes, ou quase um zettabyte, equivalente a 75 pilhas de livros cobrindo a distância da Terra ao Sol, ou uma fatia de
150 GB para cada habitante da Terra.
Alvin Toffler dá outros números impressionantes sobre anúncios classificados, mensagens publicitárias de todos os
tipos, notícias, relatórios e conversações telefônicas via celular em todo o mundo: “Imaginem o impacto global desse volume
diário de informações que circula entre os 3,4 bilhões de celulares existentes hoje no mundo.”
Alvin Toffler tem uma das taxas de acerto mais elevadas em suas previsões sobre o futuro. Seu primeiro livro de sucesso
- O Choque do Futuro - foi publicado em 1971. A Terceira Onda surgiu em 1980. A maior parte de suas previsões e
análises, feitas em ambos os livros, ainda têm grande atualidade.
Como foi possível acertar tanto? Toffler diz que sua análise não se baseia em simples tendências, que são critérios
muito superficiais para uma boa previsão do futuro da humanidade. “Viajamos - eu e Heidi - por muitos países, e temos
tido contatos com as mais variadas culturas. Nessas viagens, conhecemos gente muito inteligente e procuramos
aprender com elas.”
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Monday, March 30, 2009

poema de Viviane Mose ,retirado do livro pensamento chão

lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema

Wednesday, March 12, 2008

Alegoria da felicidade de Agnolo Bronzino


Saturday, November 03, 2007

VEM VENTO , VARRE

Vem vento, varre

Vem vento, varre sonhos e mortos.
Vem vento, varre medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante paz e sossego,
leva contigo noturnas preces,
presságios fúnebres, pávidos rostos só covardia.
Que fique apenas o tronco estreme de raiz funda.
Leva a doçura, se for preciso:
ao canto fundo basta o que basta

Adolfo Casais Monteiro

Tuesday, October 30, 2007


Friday, September 21, 2007

GUARDAR: ANTONIO CICERO

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.Em cofre não se guarda coisa alguma.Em cofre perde-se a coisa à vista.Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,isto é, estar por ela ou ser por ela.Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro .Do que um pássaro sem vôos.Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,por isso se declara e declama um poema:Para guardá-lo:Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:Guarde o que quer que guarda um poema:Por isso o lance do poema:Por guarda-se o que se quer guardar.

amor feinho: Adelia Prado

"Eu quero amor feinho.Amor feinho não olha um pro outro.Uma vez encontrado, é igual fé,não teologa mais.Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexoe filhos tem os quantos haja.Tudo que não fala, faz.Planta beijo de três cores ao redor da casae saudade roxa e branca,da comum e da dobrada.Amor feinho é bom porque não fica velho.Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:eu sou homem você é mulher.Amor feinho não tem ilusão,o que ele tem é esperança:eu quero amor feinho."Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991

CASAMENTO :ADELIA PRADO

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, pág. 252.

Ora (direis) ouvir estrelas! OLAVO BILAC

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...


E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.


Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"


E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Friday, August 10, 2007

A vida: poema de João de Deus

A Vida
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida - pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou!

tempo : O grande clandestino de Anibal Machado

Eu me distraio muito com a passagem do tempo.
Chego às vezes a dormir. Durmo meses e anos. O tempo então aproveita e passa escondido. Mas com que velocidade!
Basta ver o estado das coisas depois que desperto: quase todas fora do lugar, ou desaparecidas, outras, com uma prole imensa; outras ainda alteradas e irreconhecíveis.
Se durmo de novo, e acordo, repete-se o fenômeno.
Sempre pensei que o tempo fizesse tudo às claras. Oh, não!
Eu queria convidá-los a assistir ao que ele tem feito comigo. Mas é espetáculo todo íntimo e não disponho de tribunas.
Além do mais, o tempo em pessoa é praticamente invisível, como a ventania. Só se pode apreciar o resultado de seu trabalho, nunca a sua maneira de trabalhar.
O que é preciso é nunca dormir e ficar vigilante para obrigá-lo ao menos a disfarçar a evidência de suas metamorfoses.
É de fato penoso deixar de ver as coisas tais como as vimos a primeira vez. O tempo tudo transforma e arrasa, sem nos dar aviso.
Ora. isso entristece. Isso nos deixa intranqüilos. A não ser que nos misturemos com ele, façamos dele um aliado.
Aí, sim, destruição e reconstrução se confundem. Sacos e sacos se enchendo e esvaziando toda a vida. Perde-se até a idéia da morte. Então a gente aproveita para erigir sistemas, tomar iniciativas, amar, lutar e cantar. O tempo fica assim tão escondido dentro de nós, que se tem a impressão que fugiu para sempre e se esqueceu.
Em verdade, ele não repousa nunca. Nem mesmo nas pirâmides. Nem nos horizontes onde parece pernoitar.
Rói as pedras como o vento, rói os ossos como um cão. O que mais admira é a extrema delicadeza com que pratica essas violências.
Todos falam de sua impassibilidade. Não é bem isso. Tanto assim que aumenta de velocidade à medida que nos distanciamos de nossas origens. E quase pára quando o esperamos na solidão.
Meu mal é sentir-Ihe a passagem como a de um animal na noite. Chego quase a tocar nele. Fico horas à janela vendo-o passar. É um vício.
Oh, como se diverte! Para ele, destruir uma árvore, um rosto, uma instituição, uma catedral - tanto faz.
O desagradável é quando de repente se retira de algum objeto ou de alguém. É claro que prossegue depois, mas deixa sempre uma coisa morta. Franqueza, nessa hora dá um aperto no coração, uma nostalgia!...
Contudo não se deve ligar demasiada importância ao tempo. Ele corre de qualquer maneira.
E é até possível que não exista.
Seu propósito evidente é envelhecer o mundo.
Mas a resposta ao mundo é renascer sempre para o tempo.